Agencia Cultural do SEBRAE

sexta-feira, outubro 27, 2006

CORDAS E SOPRO



Todo pé rapado tem uma neguinha
E eu não tenho a minha pra eu xamegar
Dilson Dória e Elino Julião




















Atendendo a pedidos, volta ao palco do Anfiteatro Pau-brasil o show de Antônio de Pádua, artista versátil que mostra sua virtuosidade nas cordas e no sopro e promete escurecer a tarde de domingo com o melhor de nossa música instrumental.
Acompanhado de Roberta Karin e Sami Tarik na percussão, Daniel Ribeiro no contrabaixo e Marcos da Costa ao violão, dedilhando seu cavaquinho ou soprando seu trumpete, o instrumentista promete apresentar composições próprias e clássicos da música popular brasileira com uma leitura de quem tem estilo próprio e merece o aplauso de seus conterrâneos.

O Som da Mata é uma iniciativa do IDEMA através do PROECO, tem sua programação sob a responsabilidade da Agência Cultural do SEBRAE e conta com o apoio da Petrobras.

Show: Antônio de Pádua
Local: Anfiteatro Pau-brasil | Parque das Dunas
Data: 29 de outubro | domingo
Hora: 16h30
Ingresso: R$ 1,00 (um real)
Informações: 3201 4440





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domingo, outubro 22, 2006

PRATOS CONCORRENTES DO PRATODOMUNDO 2006



"Pixinguinha pisou no Beco seresteiro e este ficou melódico, chorão, cada vez mais carinhoso."
Aroldo Martins

Karl Leite
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Dona Odete

PRATODOMUNDO - BARES E RESTAURANTES PARTICIPANTES & PRATOS CONCORRENTES:

  1. BAR DE MÃINHA - PATO NA LARANJA
  2. BAR DA MELADINHA - FEIJOADA
  3. BAR DO ALUÍSIO - LÍNGUA AO MOLHO BACON
  4. BARDALLO'S - PEIXE AO BECO
  5. BAR DA AMIZADE - GALINHA COM FEIJÃO TROPEIRO
  6. BAR DA FÁTIMA - ARRUMADINHO
  7. BAR DE NAZARÉ - CUPIM AO MOLHO BECO
  8. BAR/REST. INVERNO E VERÃO - VACA ATOLADA
  9. BAR DO SEU PEDRINHO - COSTELINHAS DE PORCO AO MOLHO SAMBA
  10. BAR/REST. CAICÓ NA BRASA - CHURRASCO DE CARNE DE SOL

PRATODOMUNDO - 04 a 25 de Novembro - 2006

PRATODOMUNDO - Apresentações e Shows:

04/Nov:
- Folia de Rua
- Carlança & Banda
- Pedro Mendes

11/Nov:
- Congos de Calçolas/Vila de P. Negra
- Geraldo Carvalho
- Alcatéia Maldita

18/Nov:
- Boi de Manoel Marinheiro
- Rodolfo Amaral
- Khrystal

25/Nov:
- Caboclinhos de Ceará-Mirim
- Romildo Soares
- Os Grogs



ODETE: UMA VIDA NO BECO

O Beco da Lama, que é pai de todos os becos, tinha uma mãe que durante 28 anos o alimentou. De pirão, sarapatel, peixe no coco, cuscuz, macaxeira, feijão verde, e também de música e poesia, apesar de não cantar, não tocar violão nem saber o que é um verso.

Era ela que todo dia, cedinho, abria seu pequeno estabelecimento de porta única, três metros, se muito, de frente, quatro metros, idem, de fundo.

Uma cozinha apertada, um banheiro que mal cabia uma alma.

Mas era ela quem estava ali, a receber quem chegava, com a fome que estivesse.

A galinha caipira cheirava, levando paladares de sonhos pelas ruas maiores da cidade, mas ela, pequenina, nem se dava conta do manjar que preparava. Era como se nada fizesse. Como se aquilo apenas fosse mais um dos tantos pratos preparados vida a fora, a saciar bocas muitas vezes ingratas, estômagos vazios muitas vezes também de ternura e agradecimento.

Dona Odete foi mãe do Beco por merecimento porque o tinha como filho. Adotivo, é verdade. Mas um filho que viu crescer e, como toda boa mãe, esperou vê-lo melhorar de vida, sair da lama primeva, tornar-se saneado e querido para ser alma da cidade.

O Beco ainda é mal cuidado e muitas vezes imundo, mas seu carinho por ele não diminuiu por isso.
Reclama melhor iluminação. Clama por segurança. Pede paciência diante das autoridades que dela cobram, mas que pouco fazem pelo pedaço que ajudou a fazer boêmio e referência de uma cidade.

Foi no batente frontal de seu estabelecimento que o maestro Mainha resolveu morrer, aos 80 anos de muita canseira vida a fora. Ele que, pressentindo a morte chegar, para lá dirigiu-se, pediu a última, despediu-se, e foi-se como chegou à vida: sem nada ou quase nada, porque deixou amigos poucos que o amavam, é verdade, e composições que ninguém sabe se um dia chegarão à memória: coisas preciosas.

Quando chegou ali, o Beco da Lama era bem mais lama que beco, nem nome de rua tinha. Era apenas fundos de casas famosas de ruas afamadas e bem tratadas por que abrigavam comércio e casas de gente bacana. O Beco servia-lhes apenas para despejo de águas servidas. Só. E para a ostentação do nojo que se mantém, sem que nada façam por ele.

Mas Odete acreditou e lá ficou, fazendo o seu cuscuz matinal, torrando sua galinha caipira, mexendo o pirão do peixe no coco, servindo a talagada de cana para os papudinhos de todos os dias.

O sorriso ingênuo que sempre trouxe nos lábios, sorriso convidativo, diga-se, poucas vezes deixou-se anuviar por acontecimentos tristes, ali também tidos. Manteve-se majestosa e altiva, mas hoje não enfrenta diariamente a lida, velhice chegada, esperança ida, porém, na certeza de que deixou um fruto. Maduro. Tenro. Mas que, se cuidado, novos trará, e manterá viva a labuta que se merece labuta, porque do trabalho vive o homem que também vive do sarapatel que Odete preparou um dia e da cachaça que fê-lo esquecer a vida não querida, mas real, de lá adiante, bem longe do Beco. Onde a vida não lhe mais sorri.

Odete partiu para sua aposentadoria merecida. Ficou o Beco e o seu eterno encantamento.

Eduardo Alexandre

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